No final de fevereiro, pistoleiros a serviço de latifundiários voltaram a atacar camponeses de uma zona fronteiriça dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia, chamada de Amacro, e do estado de Minas Gerais (MG), segundo informações publicadas pela Comissão Pastoral da Terra (T) na semana ada. 661q71
Cenário de guerra em MG 5d3t38
Em MG, a T-MG e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Minas Gerais denunciaram que famílias do Acampamento Vida Nova sofreram “ataques armados coordenados por latifundiários locais”.
No dia 9/2, indivíduos armados invadiram o acampamento, destruíram cercas e instalaram um contêiner na área. Cinco dias depois, 20 homens armados invadiram novamente a região e atacaram os camponeses com tiros de armas de fogo e sessões de espancamento.
“Neste verdadeiro cenário de guerra”, diz a T, “em que o lado mais vulnerável é o dos pobres da terra, o que mais preocupa as entidades é a omissão do Estado”. “Segundo a denúncia a Polícia Militar foi acionada, mas não interveio para impedir as agressões e, até o momento, nenhum dos responsáveis foi identificado e responsabilizado”.
Pistoleiros invadem seringal em Amacro 6w5v28
No Amacro, famílias posseiras que vivem da extração da borracha no Seringal Entre Rios foram surpreendidas com homens armados dentro do território seringueiro.
Os agentes impediram a agem de moradores e ficaram controlando a movimentação dos camponeses. As famílias suspeitam que os homens foram contratados por um latifundiário interessado na área.
Os elementos armados relataram à T que estavam cumprindo uma “lei federal para fiscalização ambiental”, mas não apresentaram nenhum documento e nem tinham identificação de órgãos como o Ibama ou ICMBIo.
Tudo indica que os homens são pistoleiros a serviço de latifundiários e que planejam ficar na região. Segundo as denúncias, uma guarita está sendo construída no seringal para entrada e saída dos posseiros na área.
“O que acontece é uma tentativa de tomar a terra das famílias para expansão do latifúndio, então estão tentando coibir e amedrontar as famílias dessa forma, o que é ilegal, pois o direito de ir e vir dessas pessoas não pode ser violado”, disse um agente da T Acre. “Foi o que percebemos pelo nosso acompanhamento dos conflitos e escutas, mas as famílias permanecem lá e não vão abrir mão”, concluiu ele.
Violência crescente 52o4j
Atualmente, há cerca de 40 famílias na região que vivem da extração da borracha. Os posseiros trabalham no Seringal Entre Rios há quase 40 anos, durante os quais sempre sofreram as violações dos direitos mais básicos pelos latifundiários locais.
Esses casos de violência cometidos por latifundiários e pistoleiros não são investigados e nem coibidos pelos sucessivos governos de turno, apesar do município de Boca do Acre, onde está localizado o seringal, está na região conhecida como Zona de Desenvolvimento Sustentável (ZDS) Abunã-Madeira. “Prometida como modelo de desenvolvimento com foco na sociobiodiversidade, a Amacro se tornou epicentro de grilagem para exploração madeireira e criação de gado”, diz a T.
“Entre janeiro e junho de 2024, os dados de violência por conflitos na Amacro apresentaram 10 pessoas Ameaçadas de Morte, 9 casos de Criminalização e 7 episódios de Intimidação. Os posseiros estão entre as principais vítimas e os fazendeiros são os maiores causadores dessas violências. De 2023 para 2024, relativo ao primeiro semestre, os números de grilagem tiveram um salto de 117% (de 6 para 13 casos), e os registros de pistolagem cresceram de forma exorbitante, de 2 para 11 casos, um aumento de 450%.”, continua a organização.