Mais de 70 pessoas, entre ativistas e familiares de vítimas da violência policial, fizeram um combativo protesto no dia 11 de junho em frente ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) para exigir justiça contra policiais militares envolvidos no assassinato de jovens nas comunidades cariocas. 5k3o5x
Durante o protesto, as mães exigiram respostas do procurador André Dantas, responsável pelo andamento de vários processos envolvendo o assassinato de jovens favelados por PMs. O processo do jovem Maicon de Souza, assassinado com 2 anos em 1996, tramita há 28 anos sem resposta. Há outros casos parados há 6, 8 e até 14 anos.
As mães denunciaram que a repressão, a vigilância, as intimidações dos policiais e uma série de outras violações de direitos afetam a saúde dos familiares de vítimas da violência policial em luta. “O Estado deixa a gente doente, a gente tem que fazer vaquinha pra comprar remédio, porque nem isso o Estado dá pra gente”, disse uma das mães. Para a população favelada e periférica, o Estado tem como única finalidade a opressão.
Os policiais militares que estavam presentes nos arredores da manifestação tentaram desmoralizar as falas com sorrisos e deboches e, com o objetivo de intimidar as massas, começaram a tirar fotos das mães. Fracassaram nos seus objetivos, pois as câmeras que até então gravavam o ato, agora se viravam para eles, fazendo com que se escondessem atrás da viatura.
As massas bradaram pelo fim da polícia militar após um contundente discurso de um manifestante presente denunciar a relação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) com o exército sionista de Israel. Ele disse que as forças realizam treinamento em conjunto e compartilham das mesmas táticas de genocídio. Em sua fala, o manifestante conclamou a formação de comitês de autodefesa nas favelas.
Políticos oportunistas, desconsiderando o sentimento das famílias, tentaram pacificar as massas com falas de cunho legalista, se esforçando ao máximo para legitimar o processo legal. As mães não consideraram a fala, pois algumas já esperam respostas da justiça há mais de uma década.
‘A polícia mata, o MP enterra’ 3h3r8
As mães denunciaram que o Judiciário brasileiro nunca beneficia os pobres, sendo um órgão do Estado a serviço dos órgãos repressores (como as polícias) e dos ricaços (latifundiários, banqueiros e grandes burgueses).
“A polícia mata e o MP enterra”, afirmou uma mãe vítima de violência do Estado em referência à famosa fala de Dona Maria Dalva, referência na luta por justiça social na comunidade do Borel, Zona Norte do Rio.
O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) participou da manifestação em apoio às mães. “O que o Estado faz nas favelas é uma guerra, na qual a PM assassina jovens e crianças porque são uma parcela sobrante da sociedade, para a qual o Brasil não oferece nem emprego e nem condições dignas de vida”, disse a presidente do centro, a Dra. Fátima Siliansky, ao AND. “O Estado prefere matá-los do que deixá-los vivos e correr o risco de eles se rebelarem contra essa sociedade exploradora”.