No dia 4 de novembro, o território de retomada indígena Ñu Vera foi atacado por pistoleiros de grileiros que invadem territórios tradicionais no Mato Grosso do Sul. O crime, que ocorreu na cidade de Dourados, deixou um guarani-kaiowá ferido com balas de borracha no tórax, ombro e cabeça. Além disso, foram também queimados os barracos onde viviam os indígenas. 3a1hm
Como exposto no vídeo divulgado, os pistoleiros chegaram com tratores alvejando todos os presentes. Os ataques foram orquestrados por grileiros e pelo setor imobiliário da região através de contrato de seguranças privados e as casas foram queimadas durante a madrugada. Conforme anteriormente relatado à Procuradoria-Geral da República (PGR), o veículo usado pelos criminosos é um trator adaptado que “possui uma perfuração em uma das laterais, através da qual posicionam uma arma e uma pick-up preta sem placa. Estes dois veículos se movimentam no interior da tekoha [aldeia], atirando em todas as direções no acampamento dos indígenas, destruindo as suas tendas”. A defesa por parte dos indígenas foi realizada com fogos de artifício.
Desde a retomada do território, vêm ocorrendo sucessivos atentados aos indígenas promovidos pelos invasores. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (T), outro ataque a esse tekoha havia ocorrido há menos de 2 meses.
A T relata que, “de acordo com o documento enviado à PGR, no dia 24 de julho, ‘um menor indígena de 14 anos de idade, de nome Romildo Martins Ramires, foi atingido por 18 tiros de borracha e tiros de grosso calibre, sendo em seguida atirado vivo a uma fogueira pelos seguranças do ruralista (o nome consta na denúncia) onde permaneceu até o amanhecer, tendo 90% do corpo queimado’. O jovem não resistiu aos ferimentos e faleceu cinco dias depois”.
Somente em 2018, foram 38 indígenas assassinados no Mato Grosso do Sul, estado que concentra grande parte da crescente violência impulsionada por latifundiários contra a luta pela terra e território no Brasil.
Em resposta aos ataques, os guarani e kaiowá conclamam: Em memória de Romildo e todos os mártires do povo Guarani e Kaiowá: Avançar as retomadas e destruir o latifúndio!