No dia 6 de agosto, três mulheres foram à 25ª DP, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro, e registraram uma ocorrência acusando policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da favela do Jacarezinho de estuprá-las na noite anterior. 464z6w
Um dos agentes de repressão acusados de estupro 3j4o49
As jovens contaram que haviam ido à favela de madrugada para convencer uma amiga usuária de crack a deixar a cracolândia que existe no local e ir para casa. Foi quando um grupo de policiais abordou as três mulheres com ameaças e intimidações. Elas foram conduzidas para um barraco abandonado na favela. Um policial ficou na entrada do imóvel vigiando a movimentação, enquanto outros três praticavam toda ordem de sevícias e torturas contra as vítimas.
Horas mais tarde, a Polícia Civil solicitou o comparecimento de todos os 60 policiais que estavam de plantão na UPP naquele dia para que as vítimas pudessem reconhecer seus agressores. Foram presos os policiais Gabriel Machado Mantuano, Renato Ferreira Leite, Wellington de Cássio Costa Fonseca e Anderson Farias da Silva. Eles vão responder pelo artigo 232 do Código Penal Militar (constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça), além de abuso de autoridade. O PM Anderson Farias da Silva também foi indiciado pelo crime de roubo do celular de uma das mulheres. Outros dois PMs estão presos istrativamente. Todos foram encaminhados para o Batalhão Especial Prisional da polícia, em Benfica, também na Zona Norte.
Na favela do Jacarezinho, dois dias depois, moradores conversaram com nossa reportagem e disseram que as três mulheres não foram as primeiras vítimas desse bando de estupradores. De acordo com a população, além de estupros, PMs da UPP praticam todo tipo de violência contra moradores, como agressões, torturas e assassinatos.
— Já mataram vários aqui no Jacaré. Um montão de moleques que você vê na televisão que a UPP matou, que era traficante, que era ladrão, tudo mentira. As mães aqui na favela têm que enterrar seus filhos como bandidos, porque a UPP mata trabalhador e diz que era bandido. Pegam morador no beco e esculacham, não querem nem saber se é trabalhador. É tapa na cara, “encosta na parede”, “está vindo de onde?”. Não respeitam as mulheres, ficam mexendo, assoviando, desrespeitam as esposas, as filhas dos outros. O povo aqui já não aguenta mais isso. Só eu conheço umas cinco meninas que também foram estupradas, mas elas moram na favela e têm medo de denunciar. Essas garotas só denunciaram porque não moram aqui. Senão iam ficar com medo também. Eles pegam e somem com você. Essa é a vida de quem mora aqui. A gente vive com medo. Amanhã ou depois, a vítima pode ser você, sua filha, sua vizinha — alerta uma moradora que preferiu não se identificar.