Policiais militares (PMs), em conluio com pistoleiros e latifundiários de Sertânia (Pernambuco), prenderam arbitrariamente dez camponeses acampados na fazenda Jaú, reivindicada pelo latifúndio, no dia 1º de agosto. Além dos camponeses, um transeunte foi também detido. Os trabalhadores relatam que um PM à paisana liderou a operação, que incendiou e destruiu barracas e pertences das famílias. 1b736r
A desapropriação do latifúndio, ocupado desde o dia 22 de julho, é reivindicação dos camponeses ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2002. Mesmo a propriedade sendo improdutiva – segundo os camponeses, servindo apenas em pequena parte para pastagem de gado de proprietários vizinhos – o Incra nunca concluiu as vistorias realizadas em 2002 e 2009, segundo a nota da Comissão Pastoral da Terra (T). O ataque relatado em 01/08 foi o primeiro contra o acampamento.
Os camponeses, conforme denúncia da T, foram detidos “sem que houvesse qualquer prova, ordem judicial ou flagrante delito, o que configura desvio de conduta da corporação, que visivelmente atendeu a interesses particulares”. A PM manteve os camponeses na delegacia durante horas antes de estes serem formalmente acusados de algum delito. Horas depois, foram acusados de “extração ilegal de madeira” e “roubo de motocicletas”, sem, no entanto, apresentar nenhum indício.