Recebemos em 3 de agosto, com grande pesar, a notícia do falecimento, aos 93 anos de idade do nosso conselheiro de sempre, José Ramos Tinhorão. 346i3z
Desde que foi instituído, o Conselho Editorial do jornal A Nova Democracia pôde contar, entre seus integrantes, com esse grande estudioso, entusiasta e trabalhador incansável da autêntica cultura popular genuinamente nacional.
Inarredável defensor das mais diversas manifestações da cultura popular e crítico inconciliável de tudo aquilo que fosse contrabando e tentativa de colonização imperialista no terreno da cultura.
Devido à sua postura firme e rigorosa muitas vezes esgrimiu solitariamente contra vertentes enlatadas como o “iêiêiê” e outras cópias do gênero que reproduziam o ritmo e o estilo de vida imperialistas, impostos em nosso país.
Mesmo sem poder participar de nossas reuniões periódicas do Conselho Editorial e das atividades cotidianas do AND, Tinhorão sempre fez questão de manter seu nome em nosso Conselho, o que, para nós, propagandistas, trabalhadores e labutadores do fazer diário dessa tribuna da luta por uma nova política, uma nova economia e uma nova cultura, é motivo de grande orgulho e responsabilidade perante nossas tarefas.
Tinhorão é o nome de uma planta ornamental de bela folhagem, porém tóxica. Seu nome rendeu apelidos nas redações em que atuou devido às suas agudas críticas. Uma das características do Tinhorão – a planta – é que, após o auge do seu esplendor, todas as suas folhas caem e seu bulbo entra em estado de dormência durante o inverno, para ressurgir com vigor na primavera.
José Ramos Tinhorão nos deixa em um inverno. Nos conforta a sua enorme contribuição e legado, vasta fonte para a luta por uma cultura nacional. Tinhorão deixa estudos profundos, centenas de artigos, dezenas de livros, um acervo com milhares de discos que hoje é mantido pela iniciativa privada. Também nos deixa um norte seguro para avançarmos na luta por uma nova cultura genuinamente nacional, democrática, científica e de massas.
Tinhorão vive, viva Tinhorão!