A megaoperação policial promovida pelo governo terrorista do Rio de Janeiro contra as favelas do Complexo da Maré, Vila Cruzeiro e Cidade de Deus, chegou ao seu segundo dia com o registro de graves violações e ataques aos direitos dos moradores. Somente na Maré, 44 escolas foram impossibilitadas de funcionar no 1° dia da operação, com o saldo de 16.138 alunos sem aula. Na mesma favela, moradores denunciaram invasões de casas, ameaças e registraram o momento em que um policial apontou um fuzil para um morador pela janela de sua própria casa. 4y7172
Participam da operação o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. A megaoperação ocorre em cenário de crescimento da militarização do Rio de Janeiro. Mesmo com o envio da Força Nacional adiado, as forças federais e estaduais têm somado esforços no controle de rodovias, nas auto intituladas operações de inteligências e outras ações.
Terrorismo de Estado 6p2sj
Os moradores relatam cenas de terror e tensão durante a operação de guerra. “Foi muito tiro, muito tiro. A gente não sabe o que está acontecendo. Não sabe como vai correr a operação, para onde está vindo”, afirmou uma moradora ao monopólio de imprensa G1. A mensagem reflete o cerco imposto contra a favela. Denúncias dão conta que por diversas ruas transitam blindados (“caveirões”) e policiais encapuzados. Ao menos mil policiais foram mobilizados. Helicópteros e drones também têm sobrevoado as casas.
Outras informações de moradores ao portal Maré Vive denunciam a destruição de bens, invasões de casas, ameaças e moradores baleados. “Saíram arrombando, entraram no meu quarto, me acordaram com o fuzil na minha cara. Meus filhos pequenos acordaram também, estavam do meu lado. Estamos aqui agora acordados com medo de voltar a dormir e entrarem de novo, porque já vi que tem casas que já entraram três vezes”, denunciou um morador não identificado.
Os moradores denunciam ainda que, apesar das afirmativas do governo que os policiais estavam com câmeras, muitos militares foram registrados sem o equipamento. “Entraram mais de 6 na minha travessa e subiu um ou dois na minha casa, nenhum com câmera”, denunciou um morador ao portal Maré Vive. Vídeos de moradores registram a revolta dos moradores no momento em que um menino é preso e levado no camburão do Core. A mãe do jovem chega a ar mal e desmaia.
Além do terror, direitos básicos foram negados e ameaças foram feitas contra os moradores. Lado a lado com os 16 mil alunos sem aula no Complexo da Maré, 14 unidades escolares que comportam 5.143 alunos foram impossibilitadas de funcionar na Vila Cruzeiro e o horário de entrada foi adiado nas escolas da Cidade de Deus.
Policial identificado como fornecedor 1y2z4i
Durante a megaoperação de guerra justificada como “guerra ao crime”, o policial Yuri Luiz Desiderati Ribeiro foi preso em flagrante com um carregamento de 100 kg de cocaína em um caminhão-baú. O PM era lotado no 21° Batalhão de Polícia Militar, onde há 3 anos atrás diversos policiais militares, como Adelmo Guerini e Anderson Orrico, foram investigados como membros e chefe de um grupo paramilitar.
Yuri era PM há 13 anos e foi revelado pelas investigações como encarregado constante do fornecimento de drogas. A participação de militares no fornecimento de drogas e armas é comum no Rio de Janeiro. Mesmo assim, os policiais e militares raramente são alvos de operações ou investigações, evidência da própria falsidade do argumento de “guerra às drogas”. Até hoje, o título de “maior armeiro tráfico” do RJ é carregado por um sargento do Exército, Carlos Alberto de Almeida, preso em 2017.
No caso de Yuri, o policial realizava entregas pelo menos três vezes por mês. A apreensão contra o policial, feita fora da favela, na Avenida Brasil, foi uma das maiores apreensões individuais de toda a megaoperação.