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O líder camponês Raimundo Nonato Oliveira, conhecido como Cacheado, de 46 anos, foi covardemente assassinado pelo latifúndio enquanto dormia em sua casa, no município de Araguatins, na região do Bico do Papagaio, Tocantins. Segundo relatos de sua companheira, que presenciou o assassinato, três homens encapuzados adentraram a residência por volta da 1h da manhã e efetuaram diversos disparos contra Raimundo, que morreu na hora. O camponês lutava pela desapropriação das terras da fazenda Santo Hilário, pertencentes à União e griladas pelo latifundiário Lund Antônio Borges, e deixa esposa, filhos e netos.

Camponeses da região relatam que um dia antes do assassinato da liderança, homens desconhecidos foram até o acampamento Carlos Marighella e perguntaram por Raimundo. No mesmo dia, o acampamento recebeu a visita de policiais e de um oficial de justiça. 

Quando criança, Raimundo presenciou o assassinato de seu pai pela pistolagem, motivo pelo qual nutriu profundo ódio de classe pelo latifúndio. Em sua juventude aprofundou sua militância e tornou-se um líder querido das massas da região. Pelo seu destacado papel, sofreu inúmeros atentados da pistolagem entre os anos 2000 e 2015, chegando a ser baleado durante uma ocupação quando era liderança do acampamento Alto da Paz, na fazenda Santo Hilário, em Araguatins. Naquela ocasião Raimundo chegou a ser deslocado da região devido às perseguições, porém, disposto a dar sua vida pela luta dos camponeses, voltou à Araguatins.

Histórico dos crimes do latifúndio e do velho Estado na fazenda 2x4p4w

Em 12 de agosto de 2004, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, em fiscalização na fazenda Santo Hilário, libertou 13 pessoas encontradas em condições de trabalho “análogo à escravidão” (relações de superexploração que podem ser, inclusive, relações de tipo pré-capitalistas, feudais/semifeudais). O nome do latifundiário, Lund Antônio Borges, foi incluído na “Lista Suja”, em julho de 2005.

Já em 2007, a fazenda foi palco de um conflito entre camponeses, pistoleiros e policiais militares, que resultou na morte do camponês José Reis, de 25 anos. As circunstâncias e autoria do crime nunca foram esclarecidas. 

Em 2009, durante uma nova ocupação na fazenda, três pistoleiros chegaram num veículo e realizaram cinco disparos com arma de fogo em direção a um grupo de crianças, mulheres, um pessoa com deficiência física e diversos acampados, atingindo um deles: Raimundo Nonato, o Cacheado. Na época, um dos três atiradores foi identificado pelos acampados como agente da Polícia Civil de Araguatins.

Em 2015, 150 famílias camponesas ocuparam a fazenda e foram recebidas a tiros pelas tropas particulares do latifúndio.

Velho Estado e latifundiários travam guerra contra os pobres do campo 5z5d6m

O assassinato de Raimundo, somado aos de outras lideranças camponesas brasileiras – como Cleomar Rodrigues (cujo assassinato completou 8 anos no dia 22 de outubro) e Gedeon José Duque (assassinado pelas mãos da Polícia Militar de Rondônia e da Força Nacional de Segurança em 29 de outubro de 2021) – comprova a verdadeira guerra reacionária que o velho Estado brasileiro trava contra os pobres do campo. 

Foto principal: Liderança atuava na região há pelo menos 20 anos. Foto: Banco de Dados AND